Luz, Clarão, FulgorAugúrios para um Enquadramento Não Hierárquico e Venturoso (2020)
Sílvia das Fadas com Francisco Janes
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Luz, Clarão, Fulgor — Augúrios para um Enquadramento Não Hierárquico e Venturoso é um filme que se acende no rastilho do anarquista António Gonçalves Correia e das suas experiências comunais – primeiro, a Comuna da Luz em Vale de Santiago/Odemira (1917–18), e depois a Comuna Clarão, em Albarraque/Sintra (1926). Ao metamorfosear-se em diferentes iterações, antecipa o fulgor de uma desierarquização do olhar e uma pedagogia da terra e da convivialidade na bio-região alentejana.
Projecção seguida de conversa com a realizadora
Procuramos por augúrios enquanto observamos teimosamente as ruínas de uma comuna. Por exemplo: “clima favorável aos errantes”. Caminhamos através dos tempos, registando erraticamente imagens e sons através da espacialidade caleidoscópica do Alentejo, uma região com nome de rio, para além de um rio. Como caminhar oferece encontros inesperados e copresenças, missivas são enviadas de e para as margens. Por exemplo: “cultivar órgãos para a alternativa”. Os nossos sentidos são parciais, precários e fragmentários, mas não a nossa orientação: trava-se uma luta quotidiana pelo fulgor e queremos fazer parte dela. Contra um firmamento de desapropriação de terras, corpos e laços sociais, estamos a preparar-nos. Por exemplo: “De nível!” O fulgor é móvel, a comunidade prefigurada é dispersa e diversa. Através de dissenso e associações de afinidade, autonomia e reencantamento, a oferenda do cinema traz em si a potência para florescermos livres de imposições hierárquicas
—Sílvia das Fadas
Filme expandido em 16mm e texto de Sílvia das Fadas
Composição Sonora de Francisco Janes
Paisagens sonoras de Nora Sweeney, Robert Blatt, Sílvia das Fadas
Duração: aproximadamente 85 min.
Realizadora, investigadora, professora. Fez um mestrado em cinema no California Institute of the Arts (EUA) e foi artista residente na Akademie Schloss Solitude (Alemanha). É doutoranda na Academia de Belas Artes de Viena (Áustria) e investigadora no Center for Place Culture and Politics, CUNY (EUA). A sua filmografia recusa a digitalização do mundo e inclui Luz, Clarão, Fulgor — Augúrios Para Um Enquadramento Não Hierárquico e Venturoso (2018-2020), A Casa, a Verdadeira e a Seguinte, Ainda Está por Fazer (2015-2018), Square Dance, Los Angeles County, California, 2013 e Apanhar Laranjas/Picking Oranges (2012). Interessa-se pelas políticas intrínsecas às práticas cinematográficas e pelo cinema enquanto experiência colectiva e expandida.
Lisboa, 1981. Vive e trabalha em Vilnius, onde tem família. É um artista e realizador independente cujo trabalho cresce em torno da experiência e do som. Tem colaborado de forma diversa em projetos de áreas interdisciplinares como publicidade, cinema, performance, ensino e arte contemporânea. Estudou na FLUL, fez o CAF no Ar.Co em Lisboa e foi bolseiro Ernesto de Sousa em 2008 em Nova Iorque. Em 2012 concluiu o mestrado em Filme da CalArts, em Los Angeles.
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