Residência CIDADE – TERRA BATIDA 2025
Lisboa e Coimbra


25 Maio–8 Junho e 1-20 Outubro

Em 2025, a Terra Batida incidirá sobre o pensamento indígena contemporâneo e as relações históricas entre Portugal e o Brasil, proporcionando residências de criação para artistas indígenas nos acervos museológicos do Museu Nacional de Etnologia, o Museu Nacional de História Natural e da Ciência e o Museu de Ciências de Coimbra, com apoio dos projetos europeus EDGES (Universidade Nova de Lisboa) e EcoAmazónia (Universidade de Coimbra).

Serão abordados os temas do racismo ambiental, da representatividade do conhecimento indígena, da ecologia decolonial e da descolonização dos museus, prevendo a atribuição de bolsas a um grupo de artistas para a criação de uma obra performativa e plástica comum. 

Artistas residentes

Curador do Pavilhão brasileiro (renomeado Pavilhão Hãhãwpuá) na 60.ª Bienal de Veneza, Denilson Baniwa é, sem dúvidas, uma das vozes mais importantes e uma das figuras mais mediáticas da luta indígena nas artes contemporâneas. Originário do povo Baniwa, o artista visual demonstrou interesse pela coleção da expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira, realizada entre 1783 e 1792 e contemplada no acervo dos Museus da Universidade de Lisboa, que servirá de matéria-prima para uma nova série de imagens. O seu trabalho de colagem e intervenção sobre documentos históricos é uma das marcas mais distintivas da sua linguagem, curto-circuitando imaginários com linguagens contemporaneamente indígenas.

 

Ao lado de Lily Baniwa, atriz, performer e investigadora indígena, a rede Terra Batida pretende levantar questões afins à reivindicação e à exploração de narrativas indígenas eco-situadas. Ao longo do calendário da criação coletiva em rede, farão também parte do projeto Olinda Yawar Tupinambá, Ziel Karapotó e a dupla de antropólogos Francy Baniwa e Idjhaure Terena, envolvidos em projetos similares em museus brasileiros, estudando formas alternativas de expor e organizar acervos de inquestionável riqueza patrimonial — tanto material quanto imaterial — dos povos originários do Brasil.

 

Fazendo das artes e da cultura uma ferramenta para a construção crítica de novos saberes e sensibilidades, e tomando o espaço museológico e público lisboeta como arena para este debate, a Terra Batida 2025 implica-se na construção de um olhar crítico sobre o passado, indagando o passado histórico português através de uma lente ecológica, e somando a esta pesquisa as perspectivas eco-situadas dos saberes tradicionais dos povos indígenas do Brasil. O programa culminará numa exposição retrospectiva inédita da obra de Denilson Baniwa entre outubro e dezembro de 2025 com apoio das Galerias Municipais de Lisboa, e ainda num ciclo público de performances, leituras públicas e debates nos dias 15 e 16 de novembro de 2025, no Alkantara Festival em Lisboa – parceiro e coprodutor regular da Terra Batida. 

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