PARTICIPANTES

Denilson Baniwa

Denilson Baniwa é amazônida de origem na nação Baniwa. Tem como base de trabalho uma investigação sobre aparecimentos e desaparecimentos de indígenas na História Oficial do Brasil, ao mesmo tempo em que busca nas cosmologias indígenas e suas representações artísticas um possível método de compartilhar, arquivar e salvaguardar conhecimentos ancestrais. As suas criações transitam por diversos tipos de suportes, entre pintura, ilustração, performance, vídeos, fotografias, entre outros, sem abrir mão das tecnologias do Povo Baniwa. Ganhou o prêmio PIPA 2019. Como curador, assinou a série Mekukradjá

(2016/2019), evento do Itaú Cultural, a exposição Reantropofagia (2019), na galeria da Universidade Federal Fluminense (UFF), e o Pavilhão do Brasil – renomeado Hãhãwpuá – na Bienal de Veneza de 2024, juntamente com Arissana Pataxó e Gustavo Caboco Wapichan. Entre as suas produções como artista, destacam-se as performances "Pajé-onça - hackeando a 33° Bienal de Artes de São Paulo" (2018), "Sawé" (2018/19) no SESC-SP, "Vaievem" (2019) no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, "Vexoá" (2020) na Pinacoteca de São Paulo, "Memórias de um Brasil Profundo" (2019) no Museu Afro Brasil. Participou, em 2019, do Arctic Amazon Symposium, no Canadá, e em 2021 na Bienal de Sidney, na Austrália, entre outros.

Brisa Flow

Brisa de La Cordillera é uma cantora mapurbe marrona que mistura seu rap com cantos ancestrais, jazz, eletrónico e neo/soul. Mais conhecida como Brisa Flow, é artista transdisciplinar, que trabalha com linguagens musicais e atua no cenário artístico como cantora, produtora musical, performer e investigadora. Constrói arte a partir da vivência do seu corpo no mundo, criando caminhos que desprendem das amarras da colonialidade. A sua música é um encontro com as energias da Terra. Desenvolve estéticas artísticas pela prática e pesquisa do canto que tece memórias e futuros originários. Também é arte-educadora licenciada em Música. Mc da cultura hip hop e filha de artesãos araucanos, pesquisa e defende a música indígena contemporânea, a arte dos povos originários e o rap como ferramentas necessárias para combater o epistemicídio.

Lilly Baniwa

Atriz, performer e investigadora indígena de Artes Cênicas na Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP. Dentre os seus últimos projetos, destaca-se o vídeo performance manifesto “Lithipokoroda”, como realizadora, e a Oficina Performatividades Identitárias, ambos contemplados pela Lei Aldir Blanc/Amazonas e desenvolvidos no município de São Gabriel da Cachoeira.

Como atriz-criadora, destacam-se, ainda, o espetáculo-filme “WHAA - Nós, entre ela e eu” (2022) e o espetáculo “Antes do tempo existir”.

Olinda Tupinambá

Indígena do povo Tupinambá e Pataxó Hãhãhãe, jornalista, curadora, performance, cineasta e ativista ambiental. O artivismo estético e político do trabalho de Olinda rompe com os estereótipos e o racismo que pairam sobre os povos indígenas. O seu trabalho ocupa as telas para ecoar as vozes da ancestralidade, que denunciam a opressão e demarcam a existência dos povos indígenas. Olinda evidencia que os indígenas são contemporâneos, vivendo no tempo presente, buscando referências no passado indígena para ressignificar e atualizar.

Ziel Karapotó

Ziel Karapotó é natural da comunidade Karapotó Terra Nova, São Sebastião - AL, nascido em 1994 e residente na Reserva Indígena Marataro Kaetés, Igarassu - PE. Graduado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pernambuco, é multiartista, curador e realizador audiovisual. A sua trajetória é marcada por produções e atuações nos campos das artes visuais e do audiovisual no cenário nacional e internacional. Teve sua primeira exposição individual em 2022, na Christal Galeria, Recife - PE. Em 2024, foi um dos três artistas indígenas a representar o Brasil na 60.ª Bienal de Veneza, com a obra “Cardume II”, participou como artística convidado do Festival Theaterformen na cidade de Braunschweig, Alemanha, e foi curador na 9.ª edição do Festival Internacional Cine Kurumin. No mesmo ano, foi indicado ao Prêmio PIPA. Em 2025, participou como artista convidado da residência artística pela Galeria Paradise, Nantes - França, onde realizou a exposição “SERIGY”, a sua primeira individual na Europa. É curador do Museu Indígena do Sítio Arqueológico de Lagoa Queimada, Santa Inês - BA. Integrou os grupos de pesquisa “Ciência e Arte indígena no Nordeste” (CAIN-UFPE) e “Culturas de Antirracismo na América Latina” (CARLA UFBA). Em seus trabalhos e pesquisas, aborda as poéticas indígenas, arte e ecologia, arte-vida-morte e decolonialidade.

Juão Nyn

Juão Nyn é multiartista: atua na performance, no teatro, no cinema e na música. Potyguar/a — potiguar porque nasceu no Rio Grande do Norte e Potyguara de etnia indígena —, 36 anos, militante do movimento Indígena do RN, integrante do Coletivo Estopô Balaio de Criação, Memória e Narrativa e vocalista/compositor da banda Androide Sem Par. Formado em Licenciatura em Teatro pela UFRN, está há onze anos em trânsito entre Natal e São Paulo e faz parte do corpo docente da ELT -  Escola Livre de Teatro de Santo André. Como ator migrante, montou “A Cidade dos Rios Invisíveis” em 2014, 3º peça da “Trilogia das Águas”, dirigida por João Batista Júnior, em residência artística no Jardim Romano. Em 2019, completaram 100 apresentações da obra com 5 temporadas, e receberam o Prêmio SHELL 2019 na categoria Inovação. Também atuou no filme “FOME” (2015) de Cristiano Burlan, contracenando com o ator e ex-crítico de cinema Jean Claude Bernadet, e no filme "A Moça do Calendário" (2016), dirigido por Helena Ignez. Dirigiu inúmeras peças e está atualmente a criar uma série de 7 performances sobre ancestralidade e identidade indígena, com duas já executadas em Natal/RN e São Paulo/SP: “BROTAREMOS DA DESSERTIFICAÇÃO” e “CONTRAXAWARA – Deus das Doenças – Troca Injusta”, esta última com mais de 30 apresentações pelo país. Em 2020, lançou o seu primeiro livro, “TYBYRA - Uma tragédia Indígena Brasileira”. De 2022 a 2024, foi formador no núcleo de pesquisa “TEATRO CONTRACOLONYAL - O Ymagynáryo como Terrytóryo” da ELT, onde desenvolveu a pesquisa “YNDÝGENAS DE ÉPOCA”. Em 2024, foi homenageado como Artista do Ano no Prêmio Hangar, maior prémio de música do Rio Grande do Norte, e estreou o espetáculo Teatral “TYBYRA”, baseado no próprio livro, em 5 aldeias Indígenas de SP e com 20 datas esgotadas no Sesc Av. Paulista. O seu 1.° álbum solo todo em Tupi, intitulado “NHE'ÉTIMBÓ - Voz, fumaça de corpo” foi indicado a álbum do ano no Prêmio Hangar 2025.

Ritó Natálio

Artista e investigador. Lésbica não-binárie. Os seus espaços de prática combinam a escrita e a performance, seja na criação, no ensino, na investigação ou na organização de programas públicos. Doutorou-se em Estudos Artísticos e Antropologia, com uma pesquisa sobre a relação entre linguagem e geologia, e os efeitos performativos do debate sobre o Antropoceno nas percepções humanidade-natureza. Da sua pesquisa, emerge um conjunto de palestras-performances apresentadas internacionalmente em espaços artísticos e contextos académicos: “Antropocenas” (2017) com João dos Santos Martins, “Geofagia” (2018), “Fóssil” (2020) e “Spillovers” (2023), uma tradução fabulada em torno de  “Lesbian peoples: Material for a Dictionary” (1976), referência icónica do feminismo lésbico de Monique Wittig e Sande Zeig. Mestre em Psicologia Clínica (PUC-São Paulo) e graduado em Artes Coreográficas (Universidade Paris VIII), publicou artigos académicos, textos de artistas e editou publicações independentes ligadas às suas pesquisas. Em 2019, no Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, co-organizou uma mostra de cinema indígena com cineastas e curadores indígenas, juntamente com uma plataforma coletiva de investigadores e ativistas de Portugal, nomeadamente Ailton Krenak. Desde 2020, Ritó é coordenador da Terra Batida, uma rede de pessoas, práticas e saberes em disputa com formas de violência ecológica e políticas de abandono. Colaborou com a rede least — laboratório de artes e ecologia sediado em Genebra —, com a qual desenvolveu o projeto “Peau Pierre” (Pele Pedra), com foco em pedagogias ecoqueer em co-criação com associações locais. Coordenou dois laboratórios quadrimensais com Amador Ruiz Folini para jovens entre os 18 e 25 anos, no contexto do projeto “Imagina” do Serviço Educativo da Fundação Calouste Gulbenkian (2022-23). É artista associado da Associação Parasita, uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes entre 2023 e 2026.

Ellen Pirá Wassu

Ellen Pirá Wassu é bicho, rio, árvore, raiz e semente. Também é gente humana, escritora e doutoranda em Modernidades Comparadas: Literaturas, Artes e Culturas, no Centro de Estudos Humanísticos pela Universidade do Minho (CEHUM). Investiga a relação entre expropriações territoriais e identitárias nos discursos visuais e literários dominantes, estudo que tem conceituado como "Poéticas da expropriação". Publicou em 2021 ixé ygara voltando pra ’y’kûá (Urutau) e, em 2023, yby kûatiara um livro de terra (Urutau). Integra, entre revistas literárias e outras coletâneas, as obras: "Volta pra tua terra", uma antologia de poetas antifascistas e antirracistas em Portugal (2021, Urutau), "Guerreiras da ancestralidade" (2022, Editora Amare) e “Sou semente, plantação, fruto… sou encanto: A potência das mulheres indígenas do Brasil” (2023, AJEB/SC). É atualmente colunista da AFROLIS, uma plataforma de jornalismo para mulheres negras e racializadas em Portugal e no mundo. Sua prática relaciona arte, poesia, performance, ativismo, crítica, estudos contra coloniais, escritas ensaísticas, bons encontros, banho de rio e conversa com flores.