Contra-feitiço (2025)

Denilson Baniwa

Ao projetar a frase “Aqui é terra indígena” nas fachadas de vertiginosos arranha-céus na cidade de São Paulo ou numa galeria de arte em Lisboa, Denilson Baniwa manifesta a força da arte indígena contemporânea e dos seus gestos de contra-feitiço, enviando e confrontando mensagens do passado colonial com a atualidade dos debates e do espaço público.

 

Naquela que é a sua primeira exposição individual em Lisboa, na Galeria Quadrum, o artista originário do povo Baniwa, nascido no Alto Rio Negro (Amazonas, Brasil), apresenta uma retrospetiva inédita do seu trabalho, bem como um conjunto de novas obras produzidas na capital portuguesa. Com um vasto reconhecimento internacional, o seu trabalho multiplica linguagens e cruza a pintura, a performance, o desenho e a intervenção digital para tensionar e questionar as narrativas hegemónicas sobre território e identidade, posicionando o seu direito à resposta. As criações e curadorias de Denilson convocam outras formas de relação com a terra, o tempo e o cuidado, tentando habitar o mundo a partir de uma escuta pulsante das existências subalternizadas  — dos povos originários mas também de seres e lugares mais-que-humanes. Além disso, a sua identidade como artista indígena não se desprende da resistência política como um contra-feitiço coletivo.  

 

O convite à apresentação desta exposição foi lançado pela Terra Batida, uma plataforma fundada em 2020 com coordenação de Ritó Natálio, e que tem como foco o acompanhamento situado de conflitos socioambientais e a amplificação do debate ecológico face ao entrelaçamento de visões e de  responsabilidades. Ao longo dos últimos dois anos, a Terra Batida dedicou-se a pesquisar acervos de comunidades indígenas do Brasil mantidos em museus e arquivos históricos e etnográficos da cidade de Lisboa e Coimbra. Para isso, atribuiu bolsas de criação e nutriu colaborações com vozes centrais da arte e do pensamento indígena contemporâneos, tais como Brisa Flow, Ellen Pirá Wassu, Juão Nyn, Lilly Baniwa, Olinda Yawar Tupinambá e Ziel Karapotó, que visitaram presencialmente essas coleções.

 

“Contra-feitiço” de Denilson Baniwa inaugura um gesto de partilha pública de um trajeto longo de diálogos e reflexões, tendo como foco uma crítica às políticas institucionais de desaparecimento, conservação e memória que atravessam e conectam Brasil e Portugal. 

 

INAUGURAÇÃO

A inauguração da exposição de Denilson Baniwa, no dia 22 de outubro, conta com a presença da artista Brisa Flow, que fará um show-concerto-ritual. Nesse dia, terá lugar a apresentação do programa do Alkantara, festival coprodutor e parceiro regular da plataforma Terra Batida. 

NOTAS

Uma exposição de Denilson Baniwa

Curadoria Ritó Natálio | Terra Batida

Em colaboração com Laila Algaves Nuñez e Rafaela Campos

Show-concerto-ritual (vernissage) de Brisa Flow

Programa de performances Nosso Wayuri (Alkantara Festival) com Ellen Pirá Wassu & Ritó Natálio, Juão Nyn, Lilly Baniwa, Olinda Yawar Tupinambá & Ziel Karapotó

 

Pesquisa curatorial (2024) Ellen Pirá Wassu e Ritó Natálio 

Diálogos em residência António Gouveia, Associação Batoto Yetu Portugal, Carla Coimbra, ECO - Animais e Plantas em Produções Culturais sobre a Bacia Amazónica, Jamille Dias, Karen Shiratori, Neil Safier, Museu Nacional de Etnologia, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Direção técnica Ricardo Pimentel

Desenho expositivo Ricardo Pimentel, Denilson Baniwa e Ritó Natálio

Captação de imagem Violena Ampudia

Imagens adicionais Olinda Yawar Tupinambá, Ziel Karapotó, Jamille Dias, Laila Algaves Nuñez, Ritó Natálio

Edição de vídeo Ian Capillé

Design gráfico para o desenho expositivo Nayara Siler

Execução gráfica Juvenália & Sá (sublimação, “Rasuras”), Gracal – Gráfica Caldense (brochura, “Fera Utopia”), Câmaras & Companhia (diapositivos, “Caçadores de Ficções Coloniais”), Mago Studio (risografia, “Aqui é Terra Indígena”), Viragem Lab (fotografias, “Primeiro Contato”)

Construção de equipamento complementar Fernando Travassos

Empréstimos Museu Nacional de Etnologia, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Museu da Ciência da Universidade de Coimbra

Produção Associação Parasita

Coprodução e acolhimento Alkantara Festival, Galerias Municipais / EGEAC

Direção de produção Catalina Lescano / Associação Parasita

Apoio administrativo Helena Baronet / Associação Parasita

Apoio à exposição de Denilson Baniwa The PIPA Foundation

Parceria EDGES – Entangling Indigenous Knowledges in Universities

Agradecimentos Carla Coimbra, Lysandra Domingues, Jamille Dias, Marta Lourenço, Mafalda Santos, Origami produções

 

A PARASITA é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes e, desde 2024, pela Câmara Municipal de Lisboa – CML/RAAML.